quarta-feira, 4 de setembro de 2013



"Ela nunca soube se descrever, talvez porque viveu sua vida toda escondida em sua casca impenetrável sem ouvir a opinião alheia ou será que ela se escondeu exatamente por causa das opiniões? Ela é aquela pérola misteriosa que você não sabe de onde veio e nem para onde vai. Ao olhar em seus olhos profundo feito poços abismais ao mesmo tempo em que dá vontade de desbravar aquela escuridão, dá um medo do que pode haver lá dentro.

Ela sempre buscou olhar para seu eu interior quebrando a cabeça com as peças intrincadas de sua composição. Ela quer se mostrar, quer descobrir o que tem além do arco-íris e o que o horizonte esconde. Perguntas nunca foram o problema, ela as tinha até demais, o que havia era escassez de respostas.
A menina-moça-mulher era inspirada pelo amor e conduzida pelos sentimentos. Ela dançava tango com a paixão e caminhava de mãos dadas com a saudade, mas era saudade daquilo que não existiu ou daquilo que poderia ter sido e não foi. Ela tomava doses de gentileza e colecionava elogios pelo caminho.
As críticas construtivas tornavam-se tijolos para o alicerce de seu mundinho particular, onde ela reinava soberana e altiva. Ela era cheia de atitudes e de uma personalidade forte ímpar.
Seu paladar era apurado, ela gostava de doce ou salgado, de quente ou frio, nada de meios termos, nada de indefinições.
Talvez você a conheça de vista ou já tenha trocado algumas palavras com ela. Por falar em palavras, seria necessária uma porção delas para descrevê-la de forma exata, ainda que isso pudesse ser uma missão impossível.
Ela está espalhada pelo mundo. Existe uma em cada jardim e em cada parque. Ela passa em frente a sua casa todo dia e você não percebe. Ela pode trabalhar do seu lado e não ser notada. Ela, a mulher. Não apenas aquela do sexo feminino, com todas as curvas e trejeitos, mas aquela que dá sentido à palavra. Aquela que não se vê apenas com os olhos, que não se sente apenas com o toque e não se conhece apenas com um dia.
Ela é sempre mais do que se espera e bastante imprevisível. Tente ler nas entrelinhas ou padeça na ignorância."



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