segunda-feira, 28 de maio de 2012



"Talvez ele não saiba que aquela dor que ele causou, calou os olhos dela violentamente por uns tempos. Isso não é crime, é carma: magoar alguém assim,[...] remover com lágrimas o rímel cuidadosamente passado, deixar tão descrente alguém que achava a vida mágica...Talvez ele nem desconfie que quando ele disse “não vamos mais nos ver “e ela “tudo bem”, logo que se deram as costas, ela respirou fundo uma, duas, três vezes, e se afundou na tristeza... e foi dormir sem sono, meditando cura.[...] E escreveu vinte e nove cartas sobre a raiva e nunca enviou porque era moça espiritualista e tinha que manter o discurso saudável do “isto também passará”... Talvez ele nunca saiba que ela mudou os móveis de lugar, dormiu no chão, quis mudar de religião, leu Lacan e criticou Freud. Pensou em mudar de profissão, de cidade. Quis mudar de si, já que seu corpo era a casa de um só sentimento.[...] não quer conhecer ninguém, posa de antipática porque esta apática. Se escondeu da lua cheia, fez da sua casa um campo de concentração. Trancou todas as portas para não entrar qualquer ilusão. Por tanto tempo sera ela e sua tristeza intransitiva.(Tudo novamente)" (Marla de Queiroz)



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